Você já ouviu falar em trauma raquimedular? Apesar de o nome causar certo estranhamento, a primeira pessoa a referenciar esse termo foi o médico egípcio Imhotep, que viveu entre os anos de 2686 a.C. e 2613 a.C. Àquela época, pessoas que sofriam lesões na medula e perdiam a capacidade de andar e urinar não deviam receber tratamento.
Felizmente, não só os estudos médicos avançaram, mas a sociedade também mudou sua ideia sobre o tema e, hoje, pessoas vítimas de trauma raquimedular recebem cuidados voltados às suas necessidades. O Dr. Fábio Simões Fernandes, neurocirurgião do Hospital Brasília, explica o que é, quais são os sintomas e como diagnosticá-la.
O que é o trauma raquimedular?
A coluna vertebral é composta por vértebras (ossos), articulações e discos intervertebrais, que promovem o amortecimento de impactos entre os ossos da coluna. Toda essa estrutura protege a medula espinhal, que é um prolongamento do cérebro, responsável por transmitir todos os movimentos e sensações produzidos pelo corpo humano.
Contusões causadas por acidentes automobilísticos, quedas de altura, agressão por arma de fogo ou mergulho em águas rasas, por exemplo, podem ocasionar o trauma raquimedular.
“Caso a lesão atinja o interior da coluna vertebral, pode haver comprometimento temporário ou permanente às funções motoras e sensoriais", complementa o médico.
Quais são os sinais e sintomas de um trauma raquimedular?
Os sintomas de trauma raquimedular variam de acordo com a gravidade da lesão e a região acometida. Segundo o Dr. Fábio, quanto mais severo o dano, mais grave e extenso será o prejuízo neurológico resultante.
A seguir, confira quais são os sinais mais frequentes de agravo raquimedular:
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perda dos movimentos na região do pescoço para baixo (tetraplegia) ou do tronco e das pernas (paraplegia);
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alteração na sensibilidade da pele ao calor, ao frio ou à dor;
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espasmos musculares;
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dores por lesão nos nervos;
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alteração dolorosa da sensibilidade;
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dificuldade para respirar;
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incapacidade de controlar a urina e/ou as fezes;
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dor nas costas.
Que situações podem gerar um trauma raquimedular?
Assim como escoriações e traumatismo craniano, o trauma raquimedular pode ser uma consequência de quedas e acidentes de trânsito, por exemplo. “No Brasil, as principais causas de traumatismo raquimedular são os acidentes de transporte: motocicleta, automóvel e bicicleta. Além disso, o mergulho em águas rasas também leva à lesão medular no nível do pescoço, por isso, desaconselhamos essa prática em locais onde não se saiba a profundidade. Por fim, agressões por arma de fogo e arma branca completam as principais causas de sequelas neurológicas por trauma raquimedular", explica o especialista.
Como diagnosticar o trauma raquimedular?
A depender do grau da lesão neurológica, é possível identificar uma lesão medular e seu nível aproximado apenas com o exame físico realizado pelo traumatologista.
Exames como radiografia e tomografia computadorizada auxiliam na detecção de fraturas dos ossos da coluna, enquanto a ressonância define o grau de acometimento da medula espinhal.
O que fazer em caso de trauma raquimedular?
Ao presenciar um acidente, para muitas pessoas, o instinto natural é tentar remover a vítima da posição que está lhe causando dor. No entanto, isso não é indicado, pois pode causar sérios danos à coluna vertebral do doente.
“A correta imobilização da vítima de trauma pode evitar ou minimizar as sequelas, e isso poderá impactar a pessoa pelo resto da vida. Por isso, diante de um cenário de acidente, o correto é não remover o paciente e acionar o serviço de emergência", afirma o neurologista.
Qual o tratamento para o trauma raquimedular?
Pacientes que estão sob suspeita de qualquer tipo de lesão na coluna são imobilizados com colar cervical e colocados em uma prancha rígida. A partir desse ponto, a equipe de saúde analisa os sinais vitais e presta os primeiros socorros necessários, para que possam ser encaminhados para os hospitais.
Quanto ao tratamento, o Dr. Fabio Simões Fernandes explica que pessoas com lesão medular devem ser atendidas com máxima brevidade.
“Há estimativa que algumas sequelas neurológicas podem ser revertidas quanto mais precoce for o tratamento. Embora os resultados da primeiras 24 horas sejam satisfatórios, o 'tempo de ouro' seria o tratamento nas seis horas iniciais. Em geral, o tratamento cirúrgico é indicado nos casos mais graves."
Centro de Trauma do Hospital Brasília
No Hospital Brasília, dispomos de um Centro de Trauma com infraestrutura para uma atuação de ponta a ponta, do atendimento pré-hospitalar à reabilitação. Prontos-socorros adulto e infantil, centro cirúrgico e UTI estão integrados e são conduzidos por uma equipe multidisciplinar capacitada para oferecer atendimento de excelência.
Investimos continuamente no treinamento de nossas equipes de trauma, para que nenhum momento seja perdido desde a chegada do paciente. Nossa alta taxa de sucesso se deve à rapidez e eficiência com que os protocolos de atendimento são executados, com categorização por meio do sistema ABCDE e disponibilidade de profissionais multidisciplinares nos plantões para um atendimento completo e de excelência. Além disso, disseminamos informações sobre o tema por meio de webinars e capacitações voltadas tanto para o público em geral quanto para os profissionais da área.