Nosso corpo funciona como uma grande estrada por onde o sangue percorre com a finalidade de transportar oxigênio e nutrientes para o organismo por completo. Esse “abastecimento" também fortalece o sistema imunológico, que nos defende de agentes “invasores". Porém, quando as células sanguíneas sofrem alterações, como ocorre na leucemia mieloide aguda (LMA), o paciente fica mais propenso a infecções, por exemplo.
Neste blog, com o auxílio do Dr. Diogo Kloppel Cardoso, hematologista do Hospital Brasília, respondemos as principais dúvidas sobre o tema.
O que é leucemia mieloide aguda?
A medula óssea produz os leucócitos, células brancas de defesa, com base nas células-tronco. A LMA – o tipo mais comum de leucemia entre adultos – causa a substituição das células boas por células tumorais. “Consequentemente, há falência na produção do sangue e de seus componentes", complementa o médico.
Quais são as principais causas da LMA?
A leucemia mieloide aguda pode surgir ao longo da vida ou estar relacionada com questões hereditárias. Os principais fatores de risco são:
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alterações genéticas – condições como síndrome de Down, anemia de Fanconi e síndrome de Bloom apresentam risco aumentado para leucemia mieloide aguda;
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doenças do sangue – outras condições hematológicas podem contribuir para o surgimento da LMA;
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exposição a substâncias químicas ou radiação em altos níveis;
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idade – pode surgir em qualquer momento da vida, mas é mais comum em pessoas com mais de 60 anos;
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tabagismo;
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tratamentos oncológicos – quimioterapia e radioterapia podem ser fatores de risco, por causa de possíveis mutações do DNA. A médio e longo prazo, tais terapias apresentam risco para desenvolvimento de LMA secundária.
Quais são os sintomas de leucemia mieloide aguda?
Como a leucemia mieloide aguda provoca danos no sistema imunológico, é comum que os pacientes busquem atendimento médico em virtude de anemias e infecções recorrentes.
Outros sinais característicos da LMA são:
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aumento do baço e do fígado;
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cansaço;
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dor de cabeça;
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fadiga;
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falta de apetite;
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falta de ar;
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febre;
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hematomas;
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palidez;
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perda de peso sem motivo aparente;
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petéquias (manchas vermelhas que indicam hemorragia subcutânea);
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sangramentos;
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tonturas ou desmaios.
Como é possível notar acima, os sintomas da leucemia mieloide aguda são bastante genéricos e se assemelham às manifestações de diversas doenças, o que pode dificultar o diagnóstico. “Não ignore os sinais que o organismo manda, pois quanto mais rápido iniciarmos a investigação, mais cedo a doença será descoberta e maiores serão as possibilidades de cura", complementa o Dr. Diogo.
Como funciona o diagnóstico?
Assim como realizar exames de rotina, observar o surgimento de sintomas também é um cuidado importante no processo de investigação da LMA. No consultório, o médico deve ouvir atentamente o relato do paciente, analisar o histórico familiar e solicitar exames complementares, que são:
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análise citogenética convencional – identifica mutações anormais nos cromossomos das células doentes. Pode ajudar a prever como a LMA responderá ao tratamento e se há indicação para transplante de medula;
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exame FISH (hibridização fluorescente in situ) – encontra genes ou cromossomos em células e tecidos. Nos casos de leucemia mieloide aguda, o FISH detecta determinadas anormalidades nos cromossomos e genes das células doentes;
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hemograma completo com diferencial – analisa o número de células saudáveis e o número de blastos;
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imunofenotipagem – também chamado de citometria de fluxo, é o exame mais importante para o diagnóstico de LMA. Esse procedimento é realizado com base em uma amostra de sangue ou de medula;
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mielograma – uma amostra da medula óssea é colhida para saber o tamanho, o formato, o tipo e a contagem das células. Caso a porcentagem de blastos seja igual ou maior que 20%, o diagnóstico é de leucemia aguda;
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teste molecular por PCR ou NGS – com a análise citogenética, ajuda a definir, segundo a avaliação das mutações genéticas, a classificação de risco do paciente e orienta quais são as melhores terapias a serem empregadas;
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testes genéticos – detectam genes específicos da leucemia e ajudam a definir o prognóstico da doença, assim como os tratamentos mais adequados.
Como é o tratamento?
Dependendo do subtipo de leucemia mieloide, o paciente será tratado com uma combinação de quimioterapia e, em alguns casos, imunoterapia e terapias-alvo.
“O tratamento é intenso e, principalmente no início, deve ser feito no hospital, sob regime de internação. Pode durar de quatro meses a dois ou três anos, a depender das particularidades do paciente. Além disso, a maioria dos casos terá indicação de transplante de medula óssea como consolidação da terapia", explica o especialista.
Quando o transplante de medula ósseo é indicado?
Ainda segundo o Dr. Diogo, “o transplante de medula óssea é indicado para quadros de LMA de alto risco e, em alguns casos, nos de risco intermediário. Essa categorização leva em conta o subtipo da doença, a análise citogenética, a análise de NGS (sequenciamento genético), o histórico do paciente e a resposta deste à terapia inicial".
Atendimento ambulatorial
Estar atento aos sinais, consultar um médico regularmente e manter os exames periódicos em dia é essencial para detectar a leucemia mieloide aguda em estágio inicial. Em caso de qualquer desconforto ou anormalidade, não deixe de relatar ao médico, pois o diagnóstico precoce ajuda a reduzir os riscos de grandes complicações.
Você pode agendar sua consulta por meio de nossa Central de Agendamento Online ou pelo telefone (61) 4020-0057.