As doenças cardiovasculares (DCVs) são a principal causa de morte no mundo, inclusive no Brasil, onde são responsáveis por 30% dos óbitos, o que corresponde a 400 mil mortes por ano, segundo o Ministério da Saúde.
Apesar disso, cerca de 23% dos brasileiros nunca foram ao cardiologista. Sendo que muitas destas mortes poderiam ter sido evitadas com a detecção precoce e a adoção de um estilo de vida mais saudável.
Doenças cardiovasculares: o que são?
As doenças cardiovasculares (DCVs) são um conjunto de condições que afetam o coração e os vasos sanguíneos, como artérias e veias, podendo levar a complicações sérias, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
Elas podem surgir devido a diversos fatores, desde hábitos de vida pouco saudáveis até predisposição genética.
Quais são as principais doenças cardiovasculares?
As principais DCVs são:
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Doença arterial coronariana: estreitamento das artérias coronárias, que irrigam o coração, devido ao acúmulo de placas de gordura (aterosclerose). Pode causar angina (dor no peito), infarto do miocárdio e outros problemas.
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Acidente vascular cerebral (AVC): interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro, causada por um coágulo ou sangramento. Pode levar a paralisia, dificuldade na fala e outros problemas neurológicos.
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Doença cardíaca reumática: inflamação do coração e das válvulas cardíacas, geralmente como sequela de uma infecção por estreptococo.
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Doença arterial periférica: estreitamento das artérias que irrigam os membros inferiores, devido à aterosclerose. Pode causar dor, fadiga e úlceras nas pernas.
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Cardiomiopatias: doenças que afetam o músculo cardíaco, diminuindo sua força e capacidade de bombear sangue.
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Arritmias cardíacas: distúrbios no ritmo cardíaco, como taquicardia (batimentos cardíacos acelerados) e bradicardia (batimentos cardíacos lentos).
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Insuficiência cardíaca: condição em que o coração não consegue bombear sangue de forma eficaz para atender às necessidades do corpo.
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Doenças das válvulas cardíacas: problemas nas válvulas cardíacas, que impedem o fluxo sanguíneo adequado dentro do coração.
Fatores de risco
Diversos fatores podem aumentar o risco de desenvolver DCVs, incluindo:
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Histórico familiar;
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Sedentarismo;
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Alimentação com excesso de sal, açúcar e/ou gordura e produtos ultraprocessados;
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Obesidade;
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Colesterol alto;
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Diabetes;
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Tabagismo;
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Estresse crônico;
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Consumo excessivo de álcool;
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Uso de drogas ilícitas.
Identificar e controlar esses fatores é essencial para prevenir complicações futuras.
Sintomas de alterações cardiovasculares
Os sintomas das DCVs podem variar de acordo com o tipo de doença e a gravidade da condição. Alguns sintomas comuns são:
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Dor no peito: pode ser dor, aperto, pressão ou desconforto no peito, geralmente no lado esquerdo.
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Falta de ar: dificuldade para respirar, especialmente durante a atividade física.
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Fadiga: cansaço excessivo sem causa aparente.
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Tontura ou desmaio: sensação de vertigem ou perda de consciência.
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Inchaço nas pernas: acúmulo de líquido nas pernas, tornozelos e pés.
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Palpitações cardíacas: batimentos cardíacos acelerados, irregulares ou fortes.
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Dor nas pernas: dor, câimbra ou formigamento nas pernas, especialmente durante a caminhada.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico das DCVs é feito através de uma avaliação médica completa, que inclui histórico médico (médico questiona sobre sintomas, histórico familiar de DCVs, hábitos de vida e outros fatores de risco), exame físico (o médico ouvirá o coração e pulmões, verificará a pressão arterial e pulso, entre outros) e a solicitação de eventuais exames complementares para confirmar o diagnóstico.
Entres eles, podemos destacar:
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Eletrocardiograma (ECG): registra a atividade elétrica do coração.
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Teste ergométrico: avalia a capacidade cardíaca durante o exercício físico.
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Ecocardiograma: exame de ultrassom do coração.
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Holter cardíaco: monitora o ritmo cardíaco por 24 horas.
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Tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) do coração: exames de imagem que fornecem imagens detalhadas do coração e dos vasos sanguíneos.
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Exames de sangue: para avaliar níveis de colesterol, glicemia, pressão arterial e outros marcadores de risco.
Formas de tratamento
O tratamento das DCVs depende do tipo de doença, da gravidade da condição e dos fatores de risco do paciente. Mas duas condutas costumam ser frequentes:
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Mudanças no estilo de vida: parar de fumar, praticar atividade física regularmente, manter uma dieta saudável, controlar o peso corporal, controlar o estresse e limitar o consumo de álcool.
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Medicamentos: diversos medicamentos podem ser utilizados para tratar as DCVs, como medicamentos para baixar a pressão arterial, controlar o colesterol, reduzir a coagulação do sangue e controlar o ritmo cardíaco.
Na verdade, há uma grande variação nos tipos de tratamento que, em muitos casos, podem envolver desde procedimentos minimamente invasivo até opções mais invasivas como cirurgia com o peito aberto.
Muitas vezes, a decisão depende da reunião entre vários especialistas cardiologistas em um processo conhecido como heart team. Em casos mais complexos, são discutidos tratamentos combinados. Um exemplo seria o da troca de uma válvula em conjunto com o tratamento de uma arritmia.