Quando o assunto é pandemia, pensamos logo em doenças infecciosas que marcaram a história como coronavírus, varíola, cólera ou gripe suína. Apesar de não ser uma condição viral, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade também é considerada pandemia e atinge cerca de 100 milhões de adultos e 100 milhões de crianças no mundo todo.
Falar sobre obesidade não é abordar apenas a questão estética, pois magreza não é sinônimo de saúde e por isso, nossa atenção deve estar sempre voltada à prevenção de doenças associadas como diabetes, hipertensão e o aumento do risco para infarto. No blog de hoje, a Dra. Jamily Drago, endocrinologista do Hospital Brasília, explica quais os graus de obesidade e suas possíveis complicações.
O que é obesidade?
A obesidade é um distúrbio caracterizado pelo acúmulo de gordura corporal consequente de má alimentação, fatores genéticos, distúrbios hormonais e metabólicos (como hipotireoidismo) e sedentarismo. Isso ocorre porque as calorias são fonte de energia e se elas não são gastas ao longo do dia, se acumulam no organismo e levam ao aumento de peso.
“Precisamos tratar a obesidade com seriedade e eliminar tabus criados pelo senso comum. Ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, não é uma questão de 'desleixo' e pode ser até consequência de ansiedade e outras questões psicológicas", alerta a médica.
Quais são os graus de obesidade?
A classificação da obesidade segue duas variáveis: localização da gordura e Índice de Massa Corporal (IMC). A primeira se divide em:
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homogênea: o acúmulo de gordura ocorre de modo equilibrado pelo corpo, ou seja, tanto na parte superior como inferior dos membros;
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androide: a gordura fica depositada na região abdominal e torácica. É mais predominante entre os homens, mas também comum em mulheres após a menopausa. Essa categoria apresenta alto risco para complicações cardiovasculares;
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ginóide: muitas pessoas associam esse tipo de gordura ao formato de uma pera, pois o acúmulo acontece na região inferior, como nádegas, quadril e coxas. Ela costuma ser mais comum no sexo feminino e tem relação com o surgimento de artrose e varizes.
A segunda variável, o IMC, é obtido por meio da divisão do peso pela altura elevada ao quadrado (peso/altura²). Com o resultado, você descobre, agora mesmo, em que categoria está:
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abaixo de 17: muito abaixo do peso;
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entre 17 e 18,4: abaixo do peso;
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entre 18,5 e 24,9: peso normal;
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entre 25 e 29,9: acima do peso;
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entre 30 e 34,9: obesidade I;
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entre 35 e 39,9: obesidade II (severa);
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acima de 40: obesidade III (mórbida).
Obesidade grau 1
Geralmente vem acompanhada de fadiga e dores musculares que levam à limitação de movimentos. O melhor tratamento para esse estágio é dieta recomendada por nutricionista e exercício físico orientado por um profissional de educação física. É um quadro, sobretudo, resultante de um estilo de vida consolidado ainda na infância, com hábitos que configuram obesidade infantil, mas acabam negligenciados nessa faixa etária. Sendo assim, adotar cuidados desde a introdução alimentar evita que o quadro progrida com o passar dos anos ao ponto de ser necessário passar por um tratamento restritivo, e previne complicações relacionadas.
“No caso da obesidade infantil, o diagnóstico é feito com base em tabelas e curvas de crescimento e desenvolvimento, e já há tratamento medicamentoso para crianças com mais de 12 anos", completa a endocrinologista.
Obesidade grau 2
A partir desse grau, os sintomas se acentuam, comprometem o bem-estar físico e reduzem a qualidade de vida, pois o paciente tende a desenvolver hipertensão, diabetes mellitus e problemas nas articulações que prejudicam a mobilidade. Além disso, há aumento do risco para infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e alguns tipos de câncer.
Para tratar esse quadro, é necessário aliar atividades físicas e dieta à medicação e até mesmo intervenção cirúrgica.
Obesidade grau 3
A obesidade mórbida impacta a expectativa de vida da pessoa, pois aumenta consideravelmente os riscos de doenças cardiovasculares, insuficiência venosa (quando não há circulação sanguínea nas veias) e morte súbita. Só é possível combater a obesidade mórbida com mudanças profundas na rotina, além do acompanhamento médico multidisciplinar já indicado aos graus anteriores.
Quais riscos a obesidade pode trazer?
Segundo a Dra. Jamily, a obesidade oferece múltiplos riscos à saúde, como:
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alterações metabólicas;
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apneia do sono;
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cânceres;
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cardiopatias;
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condições linfáticas;
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diabetes;
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doenças hepáticas;
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doenças osteomusculares;
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prejuízos à mobilidade;
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questões psicológicas e psiquiátricas.
Quais os tratamentos para a obesidade?
A médica também explica que o tratamento para a obesidade envolve medicações e requer uma equipe transdisciplinar que inclua preparador físico, psicólogo, nutricionista, endocrinologista, ortopedista, cardiologista, nutrólogo e cirurgião do aparelho digestivo (em caso de bariátrica).
Qual especialista devo procurar?
Geralmente, o endocrinologista é o médico mais procurado quando o paciente está incomodado com o próprio peso ou a ineficiência de dietas. Entretanto, qualquer profissional (dentre os já mencionados nesse artigo) está apto a alertar sobre a doença e é importante para direcionar o tratamento.
“A obesidade é uma doença crônica não transmissível que se tornou um problema de saúde pública e todos nós temos a responsabilidade de tratar o assunto com humanidade. Ainda há muito preconceito de profissionais de saúde – e da sociedade como um todo – e isso atrasa o resultado do tratamento. O risco cardiovascular da obesidade é, sem dúvidas, o pior e por isso, precisamos ser rápidos e assertivos", finaliza a Dra. Jamily Drago.
Atendimento ambulatorial
Consultas de rotina aliadas a exames periódicos são essenciais para detectar a presença de alterações, incluindo aquelas que possam comprometer o funcionamento do trato gastrointestinal. Além disso, não deixe de buscar ajuda profissional caso apresente qualquer desconforto. Para agendar sua consulta no Centro Médico Brasília, utilize nossa Central de Agendamento Online ou ligue (61) 4020-0057.