O marca-passo é um dispositivo elétrico implantado sob a pele de pessoas que sofrem com um ritmo cardíaco muito lento, o que pode acarretar uma ameaça à vida. O primeiro marca-passo implementado foi há apenas 63 anos, pelas mãos do cirurgião cardíaco sueco Ake Senning. O procedimento mudou para sempre a vida de seu paciente, um engenheiro de 40 anos com uma séria deficiência no bombeamento de sangue.
Por ser uma invenção médica relativamente nova, muito se especula sobre como é a vida de quem usa marca-passo: essa pessoa é barrada em detector de metais? Ela pode ou não usar aparelhos eletrônicos? Pode viajar de avião? E assim por diante. Hoje convidamos um especialista para nos explicar o que é real e o que é mito sobre o assunto.
Quando o marca-passo é indicado?
“A colocação de um marca-passo é indicada quando existem alterações no sistema elétrico do coração que tornam os batimentos cardíacos muito lentos, levando a cansaço, fadiga e desmaios", explica o Dr. Edson D'Avila, cardiologista do Hospital Brasília. Alguns exemplos são condições como bradicardia, bloqueio atrioventricular e insuficiência cardíaca.
O marca-passo monitora constantemente o coração e intervém de forma autônoma em caso de abrandamento do ritmo cardíaco. Isso acontece por meio do envio de impulsos elétricos que, por sua vez, causam contração e são capazes de restaurar o ritmo correto do órgão.
Como é a vida de quem usa marca-passo?
“É uma vida normal, pois o dispositivo por si só não altera a rotina diária do paciente. O que pode mudá-la é a gravidade da doença cardíaca que levou à colocação do aparelho em questão", pontua o médico. Apesar de, no pós-operatório imediato, o paciente poder sentir algum desconforto, logo após os primeiros dias, ele já pode retornar às suas atividades diárias normalmente (desde que não haja esforço excessivo).
Vale destacar que os marca-passos atuais são dispositivos muito eficazes, que geralmente não apresentam nenhum mau funcionamento. Além disso, se o paciente seguir as medidas de precaução recomendadas pelo cardiologista e for periodicamente às consultas para verificações do aparelho, é possível manter a sua qualidade de vida. A bateria do marca-passo dura, em média, de 8 a 10 anos, daí a necessidade de uma avaliação semestral do dispositivo.
Quem tem marca-passo pode fazer tomografia?
O especialista explica que sim, quem tem marca-passo pode fazer tomografia. Muitas pessoas confundem esse procedimento com a ressonância magnética, um dos exames que o portador do dispositivo não pode fazer. Há alguns modelos mais modernos de marca-passo (chamados de “condicionados") que permitem a realização do exame. Mas a grande maioria deles não é compatível com a ressonância magnética. Nesse caso, seu funcionamento pode ser alterado por uma interferência da ressonância magnética. Por isso, quando o paciente usa um marca-passo e precisa de atendimento com outro especialista além do cardiologista, precisa informá-lo sobre o uso do dispositivo.
Quem usa marca-passo pode dormir em colchão magnético?
Essa é uma dúvida relativamente comum, e a resposta é: não recomendamos, uma vez que o colchão magnético acelera o desgaste da bateria do dispositivo.
Quem tem marca-passo pode usar celular?
De fato, algumas ferramentas eletrônicas ou eletrodomésticos podem interferir no implante e alterar sua função. No entanto, quem tem marca-passo pode usar celular, sim! O importante é evitar a proximidade do telefone celular com o peito, ou seja, nunca deixá-lo no bolso posicionado no mesmo lado em que foi feito o implante e usá-lo sempre no ouvido contralateral ao marca-passo.
Quem tem marca-passo pode enfartar?
O Dr. Edson D'Ávila pontua que sim, quem usa marca-passo pode enfartar. “Enfartos são causados por alterações nas artérias do coração e o marca-passo trata o sistema elétrico, o que impossibilita a avaliação do eletrocardiograma durante um episódio de ataque cardíaco."
Quem tem marca-passo pode usar micro-ondas?
A resposta é positiva, mas deve-se ficar mais afastado do aparelho durante o seu funcionamento.
Quem tem marca-passo pode viajar de avião?
O cardiologista do Hospital Brasília destaca que, apesar de poderem viajar de avião, é importante que os pacientes com o dispositivo avisem que são usuários do aparelho. “Apesar de os detectores de metais de aeroportos não interferirem no implante em si, podem acionar o alarme conectado a eles, porque a estrutura é de metal. Para evitar essas situações, é bom informar sua condição à equipe de segurança e passar por verificações alternativas", complementa o Dr. Edson.
Que exames o portador de marca-passo não pode fazer?
Como mencionamos anteriormente, é importante avaliar com o seu médico a realização de uma ressonância nuclear magnética. Fora esse, todos os outros são totalmente permitidos.
Quem usa marca-passo pode trabalhar normalmente?
Claro que quem usa o implante pode trabalhar, a única coisa que pode afetar a rotina laboral é a doença de base. Como recomendação médica, é importante que os profissionais dedicados a atividades de risco, como motoristas ou pilotos, discutam o seu caso com o especialista, para uma avaliação detalhada e um direcionamento específico.