Dra. Amanda Valadares Braga - Endocrinologista do Hospital Brasília
A tireoide é uma das principais glândulas do corpo e localiza-se na região anterior do pescoço. Ela produz e armazena hormônios em grande quantidade, os quais participam da regulação do metabolismo de todo o organismo. As doenças tireoidianas podem acontecer em qualquer idade e gênero. Um recém-nascido, por exemplo, pode apresentar hipotireoidismo congênito, cujo rastreio é realizado através do teste do pezinho. Em crianças, adolescentes e adultos podem ocorrer vários tipos de distúrbios.
Hipotireoidismo x Hipertireoidismo
O hipotireoidismo é uma síndrome clínica resultante de deficiente produção ou ação dos hormônios tireoidianos, com consequente queda do metabolismo e prejuízo das atividades biológicas que dependem do estímulo dos hormônios tireoidianos para acontecerem. As manifestações mais marcantes desse quadro clínico são:
– Fraqueza
– Sonolência
– Pele ressecada
– Intolerância ao frio
– Constipação intestinal
– Queda de cabelos
– Irregularidade menstrual
– Déficit de memória
– Ganho de peso, dentre outros.
Entretanto, muitos pacientes são pouco sintomáticos, sobretudo aqueles com doença de duração não prolongada. As possíveis causas vão desde acometimentos transitórios, como tireoidites subagudas ou efeitos colaterais de medicamentos, a doenças crônicas como a tireoidite de Hashimoto, que é a principal causa de hipotireoidismo em nosso meio. O tratamento consiste na reposição de hormônio tireoidiano em dosagem única diária.
O hipertireoidismo, por sua vez, é o estado clínico decorrente do excesso de hormônios tireoidianos circulantes sistemicamente quando a tireoide sintetiza e/ou libera quantidades aumentadas de hormônio. Suas causas englobam tireoidites virais, período do pós-parto, efeitos medicamentosos, nódulos produtores de hormônio e a chamada doença de Graves, um acometimento autoimune que é a principal causa de hipertireoidismo. O quadro clínico pode envolver
– Insônia
– Taquicardia
– Arritmias cardíaca
– Perda de peso
– Intolerância ao calor
– Aumento da sudorese
– Ansiedade
– Irritabilidade
– Tremores nas mãos
– Fraqueza muscular e
– Alterações oculares como protrusão do globo ocular (aparência de “olhos esbugalhados”).
O tratamento deve ser analisado caso a caso e pode ser feito através de medicamentos, iodo radioativo ou cirurgia.
A tireoide pode ainda apresentar alterações estruturais e não funcionais da glândula. Nódulos tireoidianos são um achado clínico comum e os principais fatores de risco para seu surgimento são sexo feminino, idade superior a 40 anos, deficiência de iodo e história familiar de nódulos de tireoide. A grande maioria deles (principalmente os nódulos menores de 1cm de diâmetro) deve ser apenas seguida através da realização periódica de ecografias. Em alguns casos, pode ser necessária a realização de punção aspirativa do nódulo para investigar a possibilidade diagnóstica de câncer de tireoide, que corresponde a cerca de 5 a 15% dos nódulos em adultos e até 26% em crianças.
Gestação e tireoide
A gestação é uma situação peculiar para as patologias da tireoide. Durante este período, algumas modificações ocorrem de forma fisiológica no funcionamento da glândula, podendo resultar em hipertireoidismo gestacional transitório, condição que não exige tratamento, mas deve ser acompanhada. Existe ainda a possibilidade de haver hipertireoidismo franco durante a gestação, que demanda esquema de tratamento diferenciado da mulher não gestante. Já o hipotireoidismo na gestação deve ser sempre tratado, pois pode levar a consequências prejudiciais para a mãe e para o bebê, como parto prematuro e déficit intelectual fetal.
A abordagem clínica das doenças tireoidianas é tarefa do endocrinologista, médico que atua no diagnóstico e tratamento das doenças endócrinas. Caso apresente sintomas, dúvidas ou anseios em relação a esses temas, a atitude mais prudente a ser tomada é procurar um endocrinologista da sua confiança para realizar a adequada avaliação clínica e elucidação diagnóstica.