Distúrbios hormonais são comuns no cotidiano das mulheres. Os ciclos menstruais não afetam apenas a reprodução, mas o organismo de forma integral. Ocorrem de maneira cíclica, em períodos de 24 a 35 dias, condicionando o corpo feminino a mudanças hormonais mensais. No entanto, a síndrome do ovário policístico (SOP) pode levar a algumas alterações nesse processo.
O Dr. Marcus Vinicius Barbosa de Paula, coordenador de ginecologia do Hospital Brasília, conversou com o blog sobre o assunto e esclareceu dúvidas quanto aos sintomas e tratamentos da doença. Saiba mais!
O que é síndrome do ovário policístico?
Há quem confunda ovário policístico com a síndrome do ovário policístico, essa é a primeira diferença a se destacar. Quase um quarto das mulheres, ao fazerem ultrassom de rotina, detectam a presença de cistos no ovário. A síndrome, que em seu diagnóstico inclui a presença de microcistos, mas que possui outras características, acomete somente cerca de 10% das mulheres e inclui disfunção na produção e no metabolismo dos hormônios masculinos e irregularidade dos ciclos menstruais.
Portanto, ter vários cistos no ovário não significa ter a síndrome. Da mesma forma, há quem desenvolva a síndrome mesmo apresentando uma pequena quantidade de cistos no ovário. Em síntese, a síndrome do ovário policístico exige maior abrangência quanto aos sintomas.
Há três critérios para o diagnóstico da síndrome do ovário policístico
1. Aumento na produção dos hormônios masculinos.
2. Anovulação crônica (irregularidade na menstruação).
3. Presença de ovários micropolicísticos.
Se forem identificados dois desses três critérios e outros quadros clínicos semelhantes forem descartados, são grandes as chances de a paciente ser SOP.
Estudos apontam que a síndrome do ovário policístico acontece quando a hipófise – uma das glândulas mais importantes do corpo e que regula a produção hormonal – estimula a produção excessiva de andrógeno, o hormônio masculino. Por causa disso, o ciclo reprodutivo pode ser comprometido. Com o estímulo excessivo ovariano, vários folículos são recrutados, impedindo a liberação do óvulo e dando ao ovário o aspecto micropolicístico. Essa circunstância altera ou interrompe o ciclo menstrual, podendo levar à infertilidade.
Sintomas da síndrome do ovário policístico
O desequilíbrio na produção de andrógeno leva aos sinais clínicos de hiperandrogenismo, isto é, sintomas associados à virilização, uma acentuação das características masculinas. “A paciente apresenta alterações menstruais associadas a sinais de hiperandrogenismo, como aumento de pelos, acne e/ou pele oleosa”, explica o Dr. Marcus.
Principais características
1 - Menstruação desregulada com menos ciclos.
2 - Ganho de peso.
3 - Aparecimento de acne.
4 - Pele oleosa.
5 - Crescimento de pelos no rosto, nos seios e no abdome.
6 - Queda de cabelo.
7 - Dificuldade para engravidar.
Os primeiros sinais da SOP costumam aparecer já na adolescência. Entretanto, essa não deve ser uma regra, e todo diagnóstico precisa levar em consideração as características inerentes aos primeiros anos dos ciclos menstruais, como o ciclos irregulares.
Fatores de risco e como prevenir
Embora a síndrome do ovário policístico não tenha uma causa definida, o que dificulta sua prevenção, há fatores que podem ser sinais de alerta:
▪ histórico familiar;
▪ resistência à insulina;
▪ obesidade.
Assim, a prática de hábitos saudáveis ajuda a normalizar o quadro e a manifestação dos sintomas. O controle da obesidade, por exemplo, é uma das variáveis de atenção que pode ser controlada com rotina de exercícios físicos e dieta equilibrada.
Diagnóstico
Sintomas típicos da SOP são facilmente confundidos com outras alterações hormonais ou patologias. A própria menstruação, sobretudo na puberdade, traz consigo aspectos como instabilidade de ciclos, e a presença de acnes é característica da adolescência. Portanto, antes de diagnosticar a síndrome do ovário policístico, o ginecologista deverá levar em consideração todo o quadro da paciente.
Na avaliação clínica, o médico vai pedir exames laboratoriais para medição de hormônios, assim como ultrassonografia, para constatar a presença de cistos. A síndrome do ovário policístico tem alta incidência, por isso é tão importante as visitas de rotina ginecológicas assim que a mulher entra na puberdade, com a menarca se estendendo até a menopausa.
Tratamentos para a síndrome do ovário policístico
A SOP não tem cura, mas há tratamentos para atenuar os sintomas da doença. Além disso, o Dr. Marcus Vinicius ressalta que a abordagem terapêutica varia de acordo com o desejo da mulher de engravidar: “Depende se a paciente deseja gestar ou não. Pacientes que não querem gestar podem se beneficiar com o uso de contraceptivos hormonais. Já aquelas que querem engravidar devem utilizar medicações que auxiliem na ovulação. No entanto, medidas comportamentais para diminuir o ganho de peso podem auxiliar no controle da síndrome.”.
Mas vale lembrar que somente com um acompanhamento minucioso do ginecologista é possível chegar ao diagnóstico correto e iniciar o tratamento adequado para cada caso. Por isso é fundamental a mulher manter em dia a visita regular ao ginecologista.
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