Há diferentes tipos de câncer que afetam órgãos e tecidos do corpo humano. O linfoma é um deles. Ele atinge o sistema linfático, mais precisamente os linfonodos. Embora seja um tumor predominantemente do sistema linfático, a doença pode infiltrar outras partes do corpo, como o cérebro, a medula óssea, a pele, o estômago e os intestinos.
A Dra. Andresa Melo, hematologista do Hospital de Brasília, detalha o que é, como identificar e os tratamentos disponíveis para lidar com o linfoma.
O que é linfoma?
O linfoma é o câncer que ataca os linfonodos, popularmente conhecidos como “ínguas”, que compõem o sistema linfático. Para quem não sabe, o sistema linfático é uma complexa rede de vasos responsável por transportar fluidos importantes dos tecidos para o sistema circulatório, além de ser um local relevante de atuação dos linfócitos no combate a microrganismos. “O linfoma é um tipo de câncer que se inicia nas células do sistema imunológico, cuja função é combater infecções, chamadas de linfócitos. Essas células estão nos linfonodos, no baço, no timo e em outras partes do corpo. Em um paciente com linfoma, os linfócitos se alteram e se proliferam de forma descontrolada”, explica a Dra. Andresa Melo.
O fato de os linfonodos estarem conectados por uma rede de vasos linfáticos faz com que as células cancerígenas possam se espalhar por outras cadeias de linfonodos ou pela corrente sanguínea.
É importante ressaltar que, apesar de ser um termo bastante popular, não existe linfoma benigno. Os tumores, em geral, podem ser malignos ou benignos. Esclarece a hematologista: “Os tumores podem ser benignos ou malignos. Os tumores malignos são doenças neoplásicas comumente chamados de ‘câncer’. Linfoma é um tipo de câncer, portanto, não existe ‘linfoma benigno’. Por definição, todos os linfomas são malignos e, dessa forma, torna-se redundante a expressão ‘linfoma maligno’.”.
Linfoma de Hodgkin e não Hodgkin: qual a diferença?
Há dois tipos principais de linfoma: o de Hodgkin e o não Hodgkin. O linfoma não Hodgkin é mais prevalente. Embora ambos interfiram no mesmo sistema, cada tipo de linfoma tem determinado comportamento e responde de maneira diferente ao tratamento.
É importante estar sempre atento aos primeiros sintomas, pois o diagnóstico precoce tem um papel decisivo no sucesso da terapêutica.
Quais são os sintomas de linfoma?
Na fase inicial, o linfoma pode ser uma doença assintomática, sem apresentar nenhum sinal. Com o passar do tempo, podem surgir sintomas como aumento de gânglios (linfonodos), sudorese noturna, febre, perda de peso, coceira e cansaço sem motivo aparente. Esses sinais podem ser facilmente confundidos com condições corporais normais ou sintomas de doenças comuns. Portanto, o acompanhamento regular da saúde pode ser um verdadeiro aliado nos quadros de linfoma.
Sendo assim, caso o paciente identifique qualquer sinal ou sintoma suspeito, deve procurar imediatamente atendimento médico. Na maior parte dos casos, inicialmente, essas pessoas são avaliadas por clínicos ou cirurgiões para, depois, serem encaminhadas ao hematologista.
Qual é o tratamento para o linfoma?
O prognóstico e a abordagem terapêutica vão depender de qual tipo de linfoma foi identificado. Além disso, a resposta do paciente, no início do tratamento, também pode alterar a conduta do médico.
Os linfomas podem ter comportamento mais ou menos agressivo e, dependendo do subtipo, podem ter cura ou não. Geralmente, os tratamentos são à base de quimioterapia, imunoterapia, transplante de células-tronco hematopoiéticas, radioterapia e terapia celular.
A quimioterapia, uma combinação de drogas contra a doença, costuma ser a principal abordagem adotada. Em algumas situações, o tratamento intensivo com doses mais altas de quimioterapia – chamado de condicionamento – pode ser recomendado antes de um transplante de células-tronco. Esse recurso terapêutico introduz células-tronco saudáveis no paciente por via intravenosa, semelhante a uma transfusão de sangue. Essas células-tronco saudáveis se alojam na medula óssea, onde produzem mais células sanguíneas normais.
A terapia com anticorpos monoclonais, conhecida como imunoterapia, é um tipo de tratamento direcionado para mutações genéticas específicas ou proteínas em células tumorais com o intuito de destruí-las. É uma técnica que otimiza o efeito de outras estratégias de tratamento, em especial a quimioterapia.
A Dra. Andresa explica que a terapia celular, nesse cenário mais conhecida como Car-T Cell, surgiu recentemente como estratégia promissora de tratamento para alguns subtipos de linfoma. Nessa linha de tratamento, os linfócitos tipo T são retirados do sangue do próprio paciente, por meio de um procedimento chamado aférese. Essas células são então incubadas juntamente com um vírus, que transfere uma proteína quimérica para o material genético desses linfócitos T. Essas células modificadas adquirem a habilidade de reconhecer a célula tumoral do linfoma. Depois dessa modificação, esses linfócitos são multiplicados em laboratório.
Uma vez que a quantidade desejada é alcançada, esses linfócitos são reinfundidos no corpo do paciente em um procedimento semelhante a uma transfusão de sangue. No organismo, os linfócitos modificados passam a atacar as células tumorais, auxiliando o controle da doença.
Já a radioterapia pode ser usada para destruir as células do linfoma ou aliviar a dor e o desconforto causados pelo baço ou pelos linfonodos aumentados. Todavia, a hematologista faz questão de ressaltar: “O diagnóstico definitivo é dado por meio de biopsia da lesão suspeita. No material biopsiado, é possível avaliar os marcadores tumorais com base no exame de imuno-histoquímica”, completa a médica. Esse exame é fundamental para identificar o tipo e, consequentemente, o prognóstico da doença, que guiam a escolha da melhor estratégia de tratamento.
Vale ressaltar que o diagnóstico e o tratamento de um linfoma precisam ser conduzidos por um hematologista.
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