Na medicina, chamamos essas estruturas de divertículos. Se eles permanecerem saudáveis e assintomáticos no corpo humano, a condição é simplesmente conhecida como diverticulose. No entanto, se ocorre uma infecção ou inflamação nos divertículos, é originado um distúrbio agudo, que denominamos diverticulite. Essa doença gastrointestinal faz mais de 150 mil casos por ano no Brasil.
O que é diverticulite?
Como mencionamos anteriormente, a diverticulite pode ser entendida como uma inflamação ou infecção dessas pequenas bolsas, existentes no intestino grosso de algumas pessoas. Como resultado, o paciente pode perceber sintomas como cólicas abdominais; dor ou sensibilidade na área; inchaço; distensão abdominal; prisão de ventre ou diarreia; sangramento nas fezes; febre; náuseas e vômitos.
O que causa a diverticulite?
A razão para o aparecimento dos divertículos ainda não foi totalmente explicada pela ciência, mas acredita-se que pode ser consequência de uma fraqueza intrínseca das paredes musculares do intestino grosso. Assim, o seu enfraquecimento progressivo, que acontece naturalmente com o avançar da idade, explicaria a maior incidência desse quadro em idosos. Outro fator estatisticamente relevante é uma dieta pobre em fibras e água: a presença escassa desses fatores no corpo está associada ao aumento da pressão intraluminal que, ao exercer um impulso de dentro para fora, força a invaginação das saliências nos pontos de maior fraqueza.
Muitas pessoas pensam que a diverticulite se trata de um quadro relacionado com intolerâncias alimentares. De fato, a eliminação de muitos alimentos no dia a dia pode levar à melhora do estado desse tipo de paciente. No entanto, a causa do problema não é intolerância alimentar, mas a incapacidade gastrointestinal de lidar com determinadas comidas sem provocar uma inflamação. Assim, o objetivo principal da dieta para crise de diverticulite é, portanto, promover a motilidade intestinal correta e proteger a mucosa intestinal de estímulos inflamatórios. Vamos falar mais sobre isso?
Alimentação para diverticulite: o que comer durante a crise?
A Dra. Natascha Mourão Moreira, coloproctologista do Hospital Brasília, explica que, durante o período de infecção/inflamação, é orientado que o paciente faça uma dieta pobre em resíduos, para não formar muitas fezes e manter o intestino grosso em “repouso". “O paciente deve manter uma boa hidratação com água, água de coco, soros de reidratação oral, isotônicos, sucos naturais coados e de preferência sem açúcar. Sopas, caldos batidos e coados. Torradas, petas de polvilho e gelatina também estão liberadas", complementa.
Quem já teve diverticulite no passado deve ter uma alimentação bastante cautelosa. Isso porque maus hábitos alimentares –como o consumo excessivo de alimentos refinados (cereais, pães, massas e arroz, por exemplo), carnes, gorduras e conservas –somados à baixa ingestão de alimentos ricos em fibras (frutas, verduras, legumes e grãos inteiros, por exemplo) podem constituir um gatilho para essa doença.
“A alimentação para quem tem diverticulose e já teve diverticulite deve envolver a ingestão de grandes quantidades de fibras, presentes nas frutas, nas verduras, nos legumes e nos alimentos integrais. Não é necessário retirar as pequenas sementes existentes em alguns desses alimentos, como as do tomate e do pepino, por exemplo. Essa dieta é o principal fator protetivo contra novas crises", recomenda a média.
Pode comer aveia?
Sim, quem tem diverticulose pode comer aveia e qualquer outro grão inteiro, como a quinua e o trigo. Esses alimentos retêm mais água no intestino, favorecendo a formação e o trânsito das fezes, o que ajuda a evitar a diverticulite.
Pode tomar café?
Quem tem diverticulose só pode tomar café descafeinado. Apenas esse tipo e com moderação! Afinal, o café normal é uma bebida que tende a inflamar os divertículos, por ser energética. Tomando esse cuidado, você ajuda a prevenir a progressão da diverticulose para a diverticulite.
Pode tomar leite?
Essa é uma dúvida comum entre os pacientes: quem tem diverticulite e diverticulose pode tomar leite? Durante a crise aguda de diverticulite, o leite e seus derivados devem ser retirados da dieta, pois são alimentos difíceis de digerir, e, além de formar gases, podem piorar os sintomas de dor abdominal e distensão.
Já para que tem diverticulose e não possui intolerância à lactose, não há contraindicação para o consumo de leite e derivados.
Pode comer abacate?
“O abacate possui grande quantidade de fibras e gorduras boas para a saúde intestinal. Sendo assim, quem já passou por uma crise de diverticulite ou apenas possui os divertículos e é assintomático, o abacate é um ótimo aliado. Assim como outras frutas, que, inclusive, podem ser ingeridas com casca, como pera, maçã, uvas e ameixa", pontua a especialista do Hospital Brasília.
O que não comer e beber com diverticulite?
Já que essa doença tem total relação com a alimentação do dia a dia, é importante entender bem o que não se pode comer e beber com diverticulite. Confira alguns exemplos:
- bebidas alcoólicas, pois podem irritar a parede intestinal;
- chás, cafés, refrigerantes de cola e qualquer outra bebida que contenha substâncias energéticas;
- especiarias picantes, como pimenta, pimentão e curry;
- cacau;
- embutidos, como linguiça, salsicha, salame e mortadela e todos os tipos de carnes processadas em geral;
- bebidas gaseificadas, como água com gás ou refrigerantes, por exemplo, de forma a evitar o inchaço abdominal;
- leite e derivados.
Assim que a fase aguda da doença for resolvida é aconselhável retomar gradualmente a alimentação habitual, seguindo algumas precauções nutricionais específicas. O ideal é que o gastroenterologista, o coloproctologista e/ou o nutricionista definam a melhor estratégia, com base nos sintomas relatados.
Quem tem diverticulose pode fazer exercícios físicos?
Sim, quem tem diverticulose pode fazer exercícios físicos – e deve! A atividade física ajuda a manter os músculos da parede abdominal tonificados, melhora a motilidade intestinal e reduz a estagnação das fezes nos divertículos. Além desses benefícios, a manutenção de um peso corporal adequado à altura do paciente também é um fator positivo para prevenir outra ocorrência de diverticulite.
Descobri que possuo divertículos, o que fazer?
A Dra. Natascha Mourão Moreira afirma que promover a mudança de hábitos de vida é o passo inicial. “Manter uma alimentação rica em fibras e realizar atividades físicas regulares, a fim de evitar sobrepeso e obesidade (que são considerados fatores de risco para a diverticulite), é essencial. Sessar o tabagismo e evitar o etilismo também contribui para prevenir crises de inflamação e infecção. Busque um coloproctologista ou um gastroenterologista para acompanhamento regular e prevenção de doenças intestinais", destaca a médica.
Como o Hospital Brasília acompanha e trata os casos de diverticulite?
Possuímos uma equipe de pronto atendimento 24 horas atenta aos sintomas de diverticulite e possíveis diagnósticos diferenciais. Realizamos exame de imagem regularmente para definir os quadros complicados, que necessitam de internação hospitalar, e os casos não complicados, que podem ser acompanhados em âmbito ambulatorial.
Caso o paciente necessite de internação hospitalar, será acompanhado pela equipe de coloproctologia e contará com o apoio multidisciplinar e humanizado de nutrólogos, gastroenterologistas, radiologistas intervencionistas, nutricionistas e fisioterapeutas. Procuramos oferecer o que há de mais moderno, por vias minimamente invasivas e protocolos de alta precoce.
Para casos complexos, contamos, ainda, com a equipe do Núcleo Especializado em Doenças Intestinais Complexas (****NEDIC).
Depois da recuperação de uma crise de diverticulite, o paciente deve ser acompanhado por um especialista para definir o melhor momento para a realização de uma colonoscopia.
O que há de novidade sobre o assunto?
“Nos últimos anos, o tratamento da diverticulite evoluiu muito, e hoje conseguimos altas taxas de melhora do quadro apenas com a abordagem terapêutica conservadora e mudanças de hábitos de vida. Caso o paciente não responda ao tratamento medicamentoso, contamos com abordagens minimamente invasivas, como drenagens percutâneas de pequenos abscessos guiados por tomografia, além da videolaparoscopia e da cirurgia robótica", ressalta a Dra. Natascha.
Lembre-se de que o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento são fundamentais para a resolução da crise. Se apresentar dor abdominal (principalmente à esquerda), febre, náuseas e vômitos e sangue nas fezes, procure imediatamente um atendimento médico.