Ao ouvir ou ler a palavra “transplante", quais vêm à sua cabeça? Certamente, a resposta incluirá os tipos mais conhecidos, como coração, rins, fígado, pulmões e medula óssea. Mas você sabia que também existe o transplante de microbiota fecal?
Cada pessoa tem pelo menos 100 trilhões de bactérias apenas no tubo do intestino, e nem todas são patogênicas (causadoras de doenças). Nesse sentido, a proliferação de bactérias Clostridium difficile – contraídas principalmente pela via fecal-oral – provoca infecções que comprometem o funcionamento do trato intestinal, sendo esses os quadros mais frequentes:
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Colite: inflamação do intestino grosso;
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Perionite: infecção no revestimento das paredes do abdômen;
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Perfuração do cólon: rompimento da parede do intestino grosso ou delgado;
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Sepse: perfuração do cólon, que provoca o vazamento de conteúdo do intestino para a cavidade abdominal, causando infecções em diversos órgãos.
A Dra. Zuleica Bortoli, gastroenterologista e coordenadora do Núcleo Especializado de Doenças Intestinais Complexas (Nedic) do Hospital Brasília, explica como o transplante de microbiota pode contribuir para a solução desses casos.
Quando o transplante de microbiota fecal é indicado?
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As infecções desencadeadas pela C. difficile podem atingir qualquer pessoa. Entretanto, idosos, imunossuprimidos, pacientes com doenças crônicas ou degenerativas são mais sensíveis, visto que estas condições preexistentes podem prejudicar a imunidade e modificar o processo de absorção intestinal. Dessa forma, a principal abordagem utilizada para conter o avanço da bactéria é o uso de antibióticos. Casos mais resistentes, que não são solucionados com o tratamento medicamentoso, recebem indicação para o transplante de microbiota fecal.
No Brasil, o primeiro procedimento do tipo ocorreu em 2014 e à medida que os estudos avançam, mais pessoas se beneficiam, como aquelas que enfrentam doença inflamatória intestinal e síndrome metabólica, por exemplo.
Como é feito o transplante de microbiota fecal?
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No transplante de microbiota fecal, o intestino doente recebe uma solução de fezes doadas. Esta contém bactérias, fungos e vírus que irão colonizar o órgão receptor e impedir a reprodução da C. difficile, contribuindo assim para o reequilíbrio da flora intestinal.
Confira as etapas desse procedimento que dura entre 15 e 30 minutos, e é tão importante para a manutenção da vida e bem-estar dos pacientes que enfrentam o problema.
Doação
O primeiro passo é analisar o histórico de doenças do doador, que deve estar livre de HIV, hepatites B e C e demais infecções virais ou parasitárias. Além disso, não podem doar: pessoas com doenças gastrointestinais, metabólicas, neurológicas e que fizeram uso de antibióticos, probióticos ou quimioterápicos nos últimos três meses.
Aprovação do material coletado
No Brasil, é possível encontrar banco de fezes em alguns centros. Porém, a maioria dos transplantes de microbiota fecal são realizados com doação sob demanda.
Ao confirmar a aptidão do doador, o hospital recolhe as fezes, que serão processadas por um laboratório. A especialista explica que a solução a ser transplantada é constituída por cerca de 30 a 50 gramas de fezes, que são misturadas com soro fisiológico. Antes do transplante, a solução passa por uma filtragem que remove as fibras alimentares.
Transplante das fezes
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Para se preparar para o transplante, o paciente permanece em jejum por seis horas. Depois, recebe uma sedação, é encaminhado para lavagem intestinal e então segue para o transplante.
A implantação da solução de fezes pode ser inserida pela boca ou pelo ânus. Na primeira, o médico introduz uma sonda via endoscopia pela cavidade oral do paciente e a posiciona no duodeno terminal. Na segunda, o aparelho de colonoscopia é quem libera a solução no intestino grosso.
Hospital Brasília: ciência que transforma
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O Hospital Brasília dispõe de um Núcleo Especializado de Doenças Intestinais Complexas (Nedic) para o tratamento de desequilíbrios do sistema digestivo. “É uma linha de cuidados desenvolvida pelo Hospital Brasília para atender os pacientes que sofrem de doenças intestinais crônicas e complexas, fornecendo assistência hospitalar e ambulatorial de especialistas nas áreas de gastroenterologia, proctologia e nutrologia, com o apoio de toda a rede de diagnósticos", discorre a Dra. Zuleica.
Para agendar um atendimento com um de nossos gastroenterologistas, ligue: (61) 3704-9000 ou acesse aqui .