Sabemos que um comportamento muito comum da sociedade atual é buscar respostas para suas dúvidas sobre saúde nos sites de pesquisa da internet. Embora pareça um método rápido e fácil, diagnosticar-se por meios eletrônicos é uma ladeira muito escorregadia. Afinal, um sintoma relativamente comum pode aparecer como resultado de uma doença grave e uma doença simples. Nesse cenário, você pode se deparar com duas possibilidades: ou superestima os sintomas e acaba se tratando de forma inadequada, com medicação errada, ou subestima os sinais e deixa a condição piorar.
Quando se trata de sua saúde ginecológica, é preciso ter ainda mais atenção. E para obter informações médicas precisas e seguras, que realmente respondam a suas perguntas, é importante se consultar com um profissional especialista no assunto, disposto a avaliar individualmente seu quadro, suas queixas, observações e características para chegar a um diagnóstico certeiro. Hoje, além de incentivarmos você a marcar uma consulta de rotina com um ginecologista de confiança, vamos dar uma mãozinha com relação às principais perguntas que devem ser feitas a ele nesse momento.
As informações são do Dr. Marcus Vinícius Barbosa de Paula, coordenador do Serviço de Ginecologia do Hospital Brasília.
1 - Qual o método contraceptivo mais adequado a meu perfil?
Hoje existem diversas opções em relação ao controle da natalidade, mas escolher o método pode ser uma tarefa difícil e confusa para muitas mulheres. As contraindicações ao uso de anticoncepcionais combinados, por exemplo, podem aumentar o risco de desenvolver trombose. Assim, eles variam na eficácia, no custo, e alguns podem ser mais adequados a suas necessidades e estilo de vida do que outros. Portanto, é uma conversa valiosa para ter com seu ginecologista.
2 - Quando devo fazer uma nova consulta?
É importante realizar consultas de rotina com um ginecologista no mínimo uma vez ao ano. No entanto, determinados casos e/ou condições específicas demandam mais visitas a esse médico, para fins de monitoramento de sintomas ou avaliação do desenvolvimento de lesões, por exemplo, e é importante saber se seu quadro se encaixa nessa necessidade. Toda dúvida em relação à saúde do aparelho reprodutor feminino deve ser sanada com o ginecologista.
3 - Há algo de estranho em minha secreção vaginal?
É perfeitamente normal apresentar secreção vaginal e, realmente, só deve haver preocupação se ela estiver causando problemas de desconforto (como dor ou coceira) ou se está assumindo textura, cor ou quantidade diferente. Quando isso ocorre, precisa ser avaliada por um especialista, pois pode indicar infecção por fungos, vaginose bacteriana, gonorreia, clamídia ou tricomoníase, por exemplo.
4 - É normal sentir dor na hora da relação sexual?
Algumas mulheres suportam dor e desconforto em suas relações sexuais, pois sentem vergonha, pensando que algo deve estar errado com elas. No entanto, diversos fatores podem levar à dor na relação sexual, como infecções, falta de lubrificação, alterações hormonais e efeitos colaterais de medicamentos. É essencial levar essa questão a seu médico de confiança e examinar seu órgão reprodutor, de forma a investigar qualquer alteração ginecológica não esperada ou anormal, como alterações na pele vulvar, por exemplo.
5 - Como faço o autoexame nos seios?
O melhor jeito de fazê-lo é durante o banho, no chuveiro, ou deitada: coloque a mão direita atrás da cabeça e deslize os dedos indicador, médio e anelar da mão esquerda sobre a mama direita, fazendo movimentos circulares por toda a mama, procurando por alterações de consistência, nódulos ou alterações na pele da mama. Repita o processo na outra mama. A melhor fase para a realização do exame é cerca de uma semana após a menstruação, quando a mama deixa de se tornar sensível.
6 - É normal perder xixi quando tusso, espirro ou dou risada? Tem tratamento?
Não deveria acontecer na maior parte do tempo. Em casos isolados, como infecção urinária, cálculo renal e situações de muito esforço físico, pode acontecer. Mas pode ser incontinência urinária, uma doença relativamente comum que tem solução. Esses casos devem ser avaliados pelo ginecologista para verificar a abordagem terapêutica mais indicada, que pode ser desde a fisioterapia pélvica até cirurgias.
7 - É verdade que a vagina pode ficar “frouxa"?
A sensação de vagina larga é relativamente comum, e alguns fatores podem estar relacionados com essa sensação, como partos vaginais, cirurgias perineais e distúrbios de colágeno. A sensação se deve ao enfraquecimento da musculatura perineal, e o tratamento pode variar de fisioterapia do assoalho pélvico a cirurgias de correções perineais. Não se sinta envergonhada por abordar essa questão com seu médico, ele certamente está acostumado e saberá como proceder da melhor forma possível.
8 - O que o médico está procurando quando faz o exame de toque?
Embora o exame ginecológico seja desconfortável – por vergonha ou pelo próprio exame –, ele é de extrema importância para a detecção de doenças do órgão reprodutor feminino. O toque vaginal faz parte do exame ginecológico e permite avaliar as paredes vaginais, a forma e a consistência do colo do útero, a presença de dor à mobilização do colo e aumento do útero e dos ovários. Na paciente gestante, o toque é imprescindível para a avaliação de sinais de trabalho de parto, como esvaecimento e dilatação do colo.
9 - Como posso me prevenir do HPV? Quais os possíveis desdobramentos dessa doença?
O papiloma vírus humano (HPV) é contraído pele a pele, normalmente durante o contato sexual. Essa doença atinge cerca de 50% da população, e a grande maioria das pessoas não tem conhecimento sobre esse fato, especialmente os homens. No entanto, os possíveis desdobramentos da falta de monitoramento e avaliação desse quadro podem ser bastante assustadores, uma vez que essa é a principal causa do câncer do colo do útero. É essencial perguntar a seu ginecologista como essa doença se manifesta no corpo humano e discutir todas as formas de prevenção.
10 – Quando devo realizar uma mamografia?
A mamografia é um exame de rastreio para o câncer de mama e, segundo o Ministério da Saúde, deve ser realizado bianualmente a partir dos 50 anos. Porém, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, o exame deve ser feito a partir dos 40 anos, anualmente. Pacientes com casos de câncer de mama na família devem iniciar a investigação pelo menos 10 anos antes do ano de aparecimento do câncer familiar.