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Orientações para pacientes pós-cirurgicos ortopédicos em meio a pandemia

O tratamento correto e adequado possibilita a correção de lesões relacionadas à ortopedia
MK
Dr. Michal Kossobudzki - Ortopedia e traumatologia Atualizado em 28/05/2020

Mas como fazer isso diante das ameaças do novo coronavírus?

A ortopedia é a especialidade médica que se dedica ao estudo dos ossos, articulações, ligamentos, tendões e músculos referentes ao aparelho locomotor humano. Ferimentos ou traumatismos ortopédicos são ocorrências extremamente comuns, que podem surgir durante atividades normais do nosso cotidiano. Dependendo do local e do grau da lesão, o profissional médico irá determinar tratamentos específicos, ou mesmo a necessidade de intervenção cirúrgica, para correção do quadro.

Considerando que, todos os dias, milhares de brasileiros são surpreendidos por tais ocorrências, é importante nos aprofundarmos nesse tema, além de explicarmos como os pacientes ortopédicos e, principalmente, aqueles que estão em período pós-cirúrgico, devem agir em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus.

Lesões ortopédicas traumáticas: principais causas

O Dr. Michal Alexander Danin Kossobudzki, médico ortopedista do Hospital Brasília, explica as principais causas de fraturas, luxações, entorses e contusões ortopédicas. Os dois primeiros motivos listados aumentaram consideravelmente nesse momento em que as pessoas estão mais tempo dentro de casa:

Quedas: sejam simples ou de grandes alturas, as quedas podem provocar fraturas leves ou severas, além de dores, inchaços, hematomas e outras manifestações físicas. Mesmo que o tombo pareça inofensivo, procurar um atendimento médico de forma precoce, para que haja tratamento rápido e adequado, pode ser um fator determinante para evitar a ocorrência de tromboses ou embolia pulmonar.

Acidentes domésticos: esse tópico parece simples, mas um movimento errado pode ter desdobramentos bastante sérios. São exemplos, o impacto de um móvel sobre um dos membros locomotores, a pressão provocada pelo peso de objetos contra o corpo ou mesmo pancadas e topadas em peças espalhadas pela casa. Nesses casos, as queixas mais comuns, além da dor, são o surgimento de edemas, hematomas, deformidades, problemas posturais, inflamações, lesões cutâneas, incapacidade parcial ou total de movimentos, além de fraturas expostas.

Traumas de trânsito: dados apontam esse como o principal motivo de procura por um ortopedista, sendo responsável pela ocupação de, aproximadamente, 90% dos leitos hospitalares. Tais acidentes causam fraturas complexas, que atingem com frequência a coluna, a região do tórax e ossos longos dos membros inferiores, como a tíbia e o fêmur. Eles podem provocar sequelas graves e até mesmo o óbito.

Diante de qualquer um desses quadros prejudiciais ao aparelho locomotor é importante se dirigir de imediato ao atendimento médico, onde o profissional irá realizar a anamnese e um exame físico presencial. Após esse momento, serão solicitados exames complementares, como o Raio-X, na maioria dos casos, ou, em algumas situações específicas, os exames de tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética.

É aconselhável sair da quarentena para ir ao hospital?

Considerando as orientações de isolamento social para conter a disseminação do novo coronavírus, muitos pacientes estão temerosos quanto à ida ao hospital. Porém, é recomendável que os pacientes ortopédicos se consultem com um médico especializado para discutir, com precisão, se há a necessidade de cirurgia ou tratamento na unidade hospitalar. “Se for o caso de cirurgia, tenha a certeza de que tomaremos todas as medidas necessárias para realizar a operação da maneira mais segura possível. Estamos utilizando protocolos específicos e nos baseamos em materiais de qualidade, elaborados pela Sociedade Europeia de Traumatologia Esportiva, Cirurgia do Joelho & Artroscopia (ESSKA) e pela Academia Americana de Cirurgia Ortopédica (AAOS), que nos auxiliam para que as tomadas de decisão ocorram com os melhores e mais positivos resultados para o paciente em questão”, ressalta o Dr. Michal.

No caso da falta de um tratamento correto para ocorrências ortopédicas, os desdobramentos podem ser ainda mais graves do que a própria Covid-19, como no caso de uma fratura exposta, por exemplo, que precisaria ser avaliada de forma emergencial e tratada em até 6 horas.

O Hospital Brasília está estruturado para atender, de forma segura, os pacientes que precisam de cirurgia ortopédica, em meio à pandemia. “Estamos usando todos os tipos de equipamentos de proteção disponíveis, além de priorizarmos uma triagem bem completa dos pacientes que chegam à unidade hospitalar, no que diz respeito a sintomas e contato com terceiros. Também estamos mantendo isolados quaisquer casos suspeitos, mesmo que envolva operação/cirurgia”, complementa o especialista em ortopedia e cirurgia de joelho.

Pós-operatório em meio à Covid-19

Para determinar quais serão as recomendações e cuidados “extras” aos pacientes ortopédicos que realizaram alguma cirurgia em meio à pandemia atual, segundo o médico especialista, é preciso saber previamente se havia a contaminação. “O ideal para aqueles que precisam operar, seja um caso de urgência (cirurgia em que há risco de vida ou de perda de membro caso o paciente não seja operado em um intervalo de tempo) ou eletiva (cirurgia que pode ser postergada por até 1 ano sem causar grandes problemas ao paciente), é fazer um dos testes disponíveis para detectar a Covid-19. Isso porque a doença em questão pode debilitar a função pulmonar e a cicatrização, logo, teríamos que monitorar esses parâmetros e, se possível, diminuir o tempo de internação desses pacientes”, explica o Dr. Michal.

Uma mudança importante no protocolo ortopédico, devido às ameaças do novo coronavírus, é o fato de que, em casos mais vulneráveis, como os que envolvem grupos de risco, alguns tratamentos cirúrgicos vêm sendo substituídos por procedimentos não cirúrgicos. Afinal, o estresse da cirurgia da fratura pode desencadear respostas inflamatórias que diminuem a imunidade e as defesas naturais do organismo. Ressaltamos que essa opção só pode ser considerada quando tal alteração não irá advir em nenhum prejuízo ao paciente.

Outra modificação, que se sucedeu em resposta à pandemia, é referente à observação da ocorrência, durante o período de pós-operatório, do diagnóstico de rabdomiólise (degradação de fibras musculares, que liberam proteínas nocivas ao organismo no sangue, causando dor focal), uma vez que essa condição já foi relacionada a alguns casos de Covid-19. Além disso, recomendamos fazer uso da telemedicina para acompanhamento médico pós-cirúrgico, em casos mais brandos.

Algumas outras cautelas são essenciais para manter a saúde do paciente nesse momento de pandemia: “No caso específico dos pacientes em pós-operatório, a mobilidade precoce nesse período após a cirurgia pode ajudar a evitar complicações por tromboses, por exemplo. Mas, de um modo geral, um ponto chave é priorizar uma boa alimentação e hidratação, e redobrar o cuidado com a sanidade mental, seja com livros, filmes, exercícios físicos em casa, enfim, qualquer atividade que seja prazerosa, para ajudar nesse momento tão difícil”, pontua o médico ortopedista do Hospital Brasília.

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Dr. Michal Kossobudzki

Ortopedia e traumatologia
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