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Intolerância à lactose não é frescura!

Aproximadamente 65% da população mundial sofre com essa condição
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Dr. Alexandre Ayres - Alergia e imunologia Atualizado em 23/09/2019

Aproximadamente 65% da população mundial sofre com essa condição, segundo dados do National Institutes of Health (NIH), um dos centros de pesquisa médica internacional mais importantes

A intolerância à lactose pode se manifestar de duas formas no corpo humano: como uma doença congênita, que acompanha o bebê desde seu desenvolvimento no útero, ou como uma doença adquirida após a infância. No primeiro caso, o feto apresenta mutações no gene LCT, responsável por fornecer instruções para a produção da enzima lactase, que atua na digestão da lactose presente no leite materno ou em fórmulas. Já o segundo caso é uma resposta à diminuição gradual da atividade do gene LCT no corpo humano, de modo a reduzir sua capacidade de digerir a lactose à medida que o paciente envelhece, resultando em sintomas de intolerância.

Atenção: o Dr. Alexandre Ayres, alergista do Hospital Brasília, ressalta que intolerância à lactose e alergia a leite ou a laticínios são dois quadros totalmente diferentes. “O primeiro é um fenômeno enzimático, bioquímico. Já o segundo é um transtorno imunológico, pois o indivíduo desenvolve anticorpos ou, mais raramente, células sensíveis às proteínas do leite.” Saiba mais detalhes sobre esse tema abaixo.

Por que os efeitos dessa doença são tão prejudiciais?

Considerando que as pessoas que sofrem com a intolerância à lactose têm problemas digestivos quando comem laticínios, inúmeros efeitos negativos podem ser desencadeados em sua qualidade de vida. No caso da ingestão de leite ou produtos lácteos, os sintomas característicos da doença podem começar a se manifestar poucas horas após o consumo. Claro que a gravidade dos desdobramentos vai depender da quantidade de lactose ingerida e, além disso, cada organismo reage a determinados alimentos de forma específica, podendo haver diferenças de sintomas entre os pacientes.

Os principais desconfortos enfrentados por essas pessoas são: flatulências contínuas, diarreia, inchaço abdominal e cólicas intensas. Alguns ainda podem apresentar náuseas, vômitos e dor na parte inferior da barriga. “É preciso buscar aconselhamento médico sempre que a situação fugir do controle, causar desconforto muito grande ou mesmo para esclarecer dúvidas remanescentes sobre orientações necessárias após o diagnóstico”, ressalta o especialista.

Como a intolerância à lactose ocorre?

“A lactose é um dissacarídeo, o que significa dizer que consiste em dois açúcares. É feita de uma molécula de cada um dos açúcares simples, glicose e galactose. A enzima lactase é necessária para quebrar a lactose em glicose e galactose, que são, então, absorvidas pela corrente sanguínea e usadas para gerar energia. Sem lactase suficiente, a lactose se move no intestino sem ser digerida e causa sintomas digestivos”, explica o portal americano Healthline, um conceituado provedor on-line de informações sobre saúde.

É possível se prevenir?

O Dr. Alexandre explica que não há prevenção à intolerância à lactose a não ser evitar os alimentos que a contêm, diminuir sua ingesta, buscar seu limite ou fazer reposição da lactase por meio de medicamentos. “Essa condição é inerente aos mamíferos e o homem aí se inclui. Nós temos capacidade de produzir lactase – enzima que desdobra a lactose em moléculas de glicose – para que possamos, então, absorvê-la, com exuberância até, em média, nos dois primeiros anos de vida (com variações de pessoa para pessoa). Com o passar do tempo, naturalmente, vamos perdendo essa capacidade. Alguns indivíduos conseguem manter uma quantidade remanescente de lactase, que pode ser maior ou menor, o que propicia ter sintomas leves e/ou eventuais ou não os ter. Dessa forma, nascemos com essa possibilidade em aberto, podendo ou não desenvolver tal intolerância, fato que pode ser elucidado e diagnosticado por um médico capacitado. Assim sendo, não é possível prever quem vai desenvolver os sintomas.”

Essa condição pode ser hereditária?

Sim. O que costuma ocorrer é os pais serem portadores genéticos, cada um, de uma cópia do gene LCT já com a mutação. Apesar de eles não possuírem sinais da intolerância à lactose, podem afetar os filhos com o chamado distúrbio autossômico recessivo, pela junção das duas cópias em questão.

Como esses pacientes adquirem cálcio?

“Realmente, uma das principais fontes de cálcio na alimentação humana é advinda do leite e de seus derivados. Entretanto, aqueles com intolerância à lactose, em maior ou menor grau, e dependendo de seu incômodo, podem buscar, alternativamente, esse mineral essencial ao correto funcionamento do organismo em outras fontes alimentícias, como nas folhas verdes, nas vísceras e nos ovos, por exemplo. Nesses casos, é importante buscar o auxílio de um nutricionista, até porque esses pacientes podem, ainda, contar com alternativas para contornar possíveis desconfortos, se ambos julgarem necessário, como ingerir lactase em comprimido ou em gotas”, finaliza o médico do Hospital Brasília.

Atendimento diferenciado

O Hospital Brasília dispõe de profissionais especializados em cuidar de patologias do trato gastrointestinal, como a intolerância à lactose: é o Núcleo Especializado de Doenças Intestinais Complexas (NEDIC), que conta com uma equipe multidisciplinar preparada para atender pessoas com problemas intestinais, com o suporte de alta tecnologia e avaliação clínica minuciosa.

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