Por Dr. Hélio Costa - Ortopedista do Hospital Brasília
O corpo humano foi concebido e projetado para se exercitar, do início de sua existência até o fim da vida. Músculos, tendões, ligamentos, ossos e cartilagens formam um complexo sistema onde o objetivo final – o movimento – seja realizado da maneira mais precisa possível, com o menor gasto energético. Através do exercício físico podemos integrar todos os sistemas orgânicos e adquirir movimentos mais precisos, mais fortes e mais eficientes.
As consequências dos exercícios físicos supervisionados são impressionantes e com o passar dos dias se descobre algum novo benefício trazido pela prática regular e supervisionada deles. No que diz respeito ao aparelho locomotor, os ganhos vão muito além da estética corporal.
O exercício e as fases da vida
Na infância, as habilidades básicas (andar, correr, saltar, arremessar, empurrar e puxar) são desenvolvidas principalmente através da recreação. É possível desde esse período realizar atividades coordenadas para estimular o controle neural desses movimentos, integrando assim o sistema nervoso e o aparelho locomotor. Esses estímulos são críticos para todo o período de vida, onde as bases da “memória do exercício” serão construídas e auxiliarão no desempenho físico e motor através dos anos. Além disso, os exercícios físicos são estímulo para o crescimento e desenvolvimento da massa.
Na adolescência, os exercícios além de aprimorarem as habilidades motoras, auxiliam a manter a distribuição da massa corporal equilibrada, auxiliando na mineralização dos ossos e no desenvolvimento de massa muscular. Importante lembrar que esses benefícios não são temporários: todos os benefícios adquiridos na juventude funcionam como um investimento de longo prazo e perduram na vida adulta.
Na vida adulta o exercício físico ajuda a manter em bom funcionamento a remodelação do esqueleto. Os ossos do corpo humano renovam todas a sua composição a cada 120 dias, em média. O exercício físico regular informa ao corpo que o esqueleto precisa se adaptar a exigências maiores de força e carga, quer seja pela força exercida pelos músculos, quer seja pelo aumento progressivo das cargas não planejadas ao longo do ciclo de treinamento. A massa muscular perdida se recupera mais rapidamente em pessoas que treinam regularmente; as articulações funcionam com mais segurança pois a estabilidade conferida por tendões, músculos e ligamentos fortes previnem lesões; os sistemas de produção de energia nos músculos são mais eficientes e conseguem realizar exercícios gastando menos energia e por mais tempo. Com isso, a capacidade de tolerar e responder a aumentos de intensidade e duração dos exercícios melhora e atingimos melhores performances em atividades competitivas, recreativas ou voltadas para reabilitação.
Na terceira idade, ocorre o envelhecimento do corpo como um todo. Entre as adaptações do aparelho locomotor mais percebidas, podemos citar a substituição da massa muscular por gordura (processo chamado de sarcopenia) e a redução da densidade mineral óssea, ou osteopenia. As pessoas que se exercitaram regularmente, sob supervisão de um bom profissional de Educação Física, não apenas chegam na terceira idade com melhor composição corporal e maior massa muscular e óssea, mas também apresentam perdas menores ao longo do tempo. O exercício também auxilia de maneira crítica na prevenção de acidentes domésticos que podem resultar em fraturas graves como as do quadril e da coluna vertebral.
Em todas as idades, seja qual for o objetivo, a atividade física requer prática permanente. Seus benefícios vão muito além de ossos fortes e musculatura resistente. Praticar exercícios físicos de maneira otimizada, supervisionada e regular é o melhor investimento para a saúde dos ossos e músculos.