Não é surpresa para ninguém que as mulheres têm maior probabilidade do que os homens de procurar atendimento médico, de acordo com diversos estudos sociais. Mas, quais são os motivos por trás desse comportamento? Afinal, renunciar os cuidados de rotina com a saúde é uma atitude que, indiretamente, contribui para diagnósticos graves e menor expectativa de vida. Ou seja, não faz nenhum sentido.
As justificativas do público masculino são vagas: alguns alegam falta de tempo, outros desconforto ao realizar exames, e existem ainda aqueles que se baseiam em visões errôneas tradicionais sobre a masculinidade, acreditando que os homens teriam menor probabilidade de demandar cuidados de saúde consistentes – o que não condiz com a realidade. Prova disso são os dados sobre o câncer de próstata. Estima-se que 1 a cada 6 homens poderá apresentar câncer de próstata.
Felizmente, hoje em dia, as opções de tratamento para esses pacientes são extremamente variadas, eficazes e modernas. Uma delas é a cirurgia robótica de próstata, que apresenta uma série de benefícios ao paciente. Já que estamos no Novembro Azul, mês da campanha mundial de conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de próstata, vamos conversar mais sobre esse assunto?
Novembro Azul
Primeiramente, vale ressaltar que estamos iniciando as campanhas do Novembro Azul! “Esse marco é importante para chamar a atenção dos homens para o cuidado com sua saúde. De uma forma geral, as mulheres têm a cultura de consultas médicas desde idades mais precoces. Já com os homens, a cultura é de procurar assistência apenas quando há sintomas, o que impede que se faça a medicina preventiva. Campanhas desse tipo são educativas, na tentativa de se mudar esse comportamento", ressalta o Dr. Fransber Rodrigues, urologista do Hospital Brasília.
O especialista alerta para o fato de que o público masculino, de uma forma geral, deve consultar-se com o urologista a partir dos 50 anos, a menos que tenham histórico familiar de câncer de próstata ou que sejam da raça negra – nesses casos, devem fazê-lo aos 45 anos. “O diagnóstico precoce desta doença possibilita que até 80% dos casos sejam curados. Já aqueles diagnosticados com doença avançada podem não conseguir a cura. O homem com câncer de próstata inicial não tem sintomas; por isso, a necessidade de vigilância", complementa.
O que é a cirurgia robótica?
A evolução da técnica cirúrgica com o auxílio da robótica é um marco no tratamento do câncer de próstata, sendo essa opção considerada por muitos a melhor escolha possível para o paciente. De acordo com o médico do HBR, as características do sistema robótico, como a precisão, a liberdade de movimento das pinças e a visibilização em alta definição e tridimensional, possibilitam o alto desempenho da cirurgia de retirada da próstata de uma forma, trazendo resultados de excelência e benefícios valiosos ao paciente.
A remoção da próstata por meio da cirurgia robótica é indicada aos homens que tenham sido diagnosticados com câncer de próstata localizado e sem metástases para outros órgãos. O procedimento de prostatectomia robótica é a técnica de laparoscopia por vídeo para remoção completa da próstata. O médico usa um sistema de braços robóticos de alta precisão, que ainda proporciona ao cirurgião uma visão em 3D com imagem até seis vezes melhor do campo cirúrgico. O robô amplifica o aumento dos movimentos da mão humana e facilita a reconstrução da anatomia em espaços limitados, além de representar uma possibilidade menos invasiva, até mesmo para os procedimentos mais complexos, que antes eram realizados por cirurgia aberta.
“Todo avanço tecnológico na nossa humanidade é uma melhoria da nossa própria condição de vida. Com a cirurgia robótica não é diferente. No início do uso da tecnologia, há sempre uma desconfiança dos seus reais benefícios. Hoje, após duas décadas de uso do sistema robótico em cirurgias, não há mais dúvida de que se trata de um avanço da medicina, com inúmeros benefícios, que ainda têm se expandido à medida que os médicos desenvolvem novos usos para o sistema", pontua o urologista.
Como é feita a cirurgia robótica de próstata?
Após fazer jejum por 8 horas, o paciente com câncer de próstata é internado no mesmo dia da cirurgia, que é feita com anestesia geral e dura entre 2 a 3 horas. São feitas pequenas incisões de até 3 cm na parte do abdome embaixo do umbigo, onde são colocadas pinças junto aos braços robóticos.
Após o fim da operação, o paciente continua no próprio centro cirúrgico por mais 2 a 3 horas, sendo observado pelos médicos especialistas, que irão então assegurar a segurança na sua ida para o quarto. Nesse momento, são administradas doses de anestésicos para evitar dor no pós-operatório imediato. Por fim, no mesmo dia, o paciente em questão já é liberado para comer alimentos leves e para sair da cama do hospital. Isso é importante porque a recuperação costuma ser mais rápida quando o mesmo consegue andar e se movimentar já no primeiro dia logo após o procedimento.
O que acontece depois da prostatectomia robótica?
Depois da cirurgia é recomendado repousar durante aproximadamente três semanas, além de evitar atividades de alto impacto, como corrida, bicicleta e academia, por exemplo. Caminhadas leves e atividades de trabalho em escritório são permitidas.
Vale ressaltar que o acompanhamento médico é indispensável nos primeiros dois anos após o procedimento. A recomendação é que o paciente visite seu especialista de confiança a cada três meses. Do segundo ao quinto é importante fazer uma consulta a cada seis meses e, depois de cinco anos, o acompanhamento deve ser anual.
Complicações e riscos da cirurgia
Como todo procedimento cirúrgico, existem algumas possibilidades de complicação:
-
Sangramentos com necessidade de transfusão;
-
Infecção no local da cirurgia;
-
Incontinência urinária - perda no controle de segurar a vontade de urinar;
-
Impotência sexual - necessidade de usar medicações ou próteses artificiais;
-
Não conseguir erradicar por completo os focos da doença.
Vantagens da cirurgia de próstata robótica em relação à tradicional
Em contrapartida, são inúmeros os benefícios dessa opção! Confira:
· Diminuição do trauma cirúrgico;
· Melhor recuperação do paciente, com menos dor no pós-operatório;
· Alta precoce, com um retorno mais rápido às atividades diárias;
· Menor tempo de internação e de uso de sonda;
· Preservação dos nervos, vasos sanguíneos e músculos que envolvem a glândula;
· Redução dos riscos de infecção;
· Menos sangramento e menor tempo para recuperação da continência urinária.
Mesmo diante de tantas vantagens, é importante destacar: o sistema robótico não faz as tarefas sozinho, mas, sim, é comandado por um cirurgião. Por isso, esse médico especializado continua sendo o principal fator para o sucesso do procedimento, e os pacientes devem procurar profissionais com vasta experiência no método.
“O programa de cirurgia robótica do Hospital Brasília foi o primeiro do Centro-oeste do Brasil a atingir 1000 cirurgias realizadas, tanto na Urologia quanto em outras especialidades. Há especialidades atuando em cirurgia robótica no Hospital Brasília, como cirurgia torácica e cirurgia de cabeça e pescoço, que são encontradas em atuação em robótica em poucos hospitais no país. Além disso, nosso hospital é um importante centro de treinamento de cirurgiões, que vêm de diversos estados do país", finaliza o Dr. Fransber Rodrigues.