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Alzheimer: como se manifesta no corpo humano?

É possível se prevenir? Como devo cuidar de uma pessoa com essa doença?
AJ
Dr. Arthur Jatobá - Neurologia Atualizado em 20/09/2019

O Alzheimer é um tipo de demência, isto é, um grupo de sintomas caracterizado pela alteração de pelo menos duas funções do cérebro, podendo afetar a memória, a capacidade de pensamento e outras habilidades mentais. No caso específico do Alzheimer, os sintomas costumam se desenvolver gradualmente ao longo de muitos anos e, eventualmente, tornam-se mais graves, impactando de forma grave o funcionamento cerebral, bem como a independência do paciente.

Alguns pesquisadores acreditam que essas sejam as “doenças do futuro”. Isso porque a população idosa está vivendo por mais tempo, fato que aumenta muito as probabilidades de desenvolver alterações nos neurônios. Ou seja, a velhice não causa, mas facilita o desenvolvimento das demências no organismo.

Previsões elaboradas pela Universidade do Porto (Portugal) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) determinam que algum tipo de demência deve afetar pelo menos 1/4 da população brasileira com mais de 80 anos daqui a três anos – há dois anos  o Alzheimer já atingia 1,2 milhões de brasileiros.

O que causa o Alzheimer?

Embora ainda não tenha sido possível determinar precisamente as causas exatas do Alzheimer, acredita-se que alguns fatores podem influenciar nos riscos de desenvolver a doença, como o avançar da idade, histórico familiar dessa condição, depressão não tratada, inflamações no cérebro, fatores e condições de estilo de vida associados a doenças cardiovasculares.

Como reconhecer o Alzheimer?

As manifestações iniciais podem passar desapercebidas pelo paciente e familiares, pois os primeiros sinais são pequenos problemas de memória, fato que costuma ser relativamente comum em pessoas de qualquer idade.

“É comum esquecermos coisas do dia a dia, como por exemplo o nome de uma pessoa ou onde guardamos o celular – muitas vezes esses esquecimentos são por falta de atenção. Já o esquecimento que interfere na funcionalidade da pessoa (esquecer de pagar contas, esquecer caminhos conhecidos, esquecer compromissos importantes) podem ser indicativos da doença de Alzheimer. Esquecer de alguma coisa e lembrar depois, pode indicar um esquecimento ‘normal’. Esquecer de alguma coisa e esquecer que esqueceu, geralmente indica anormalidade”, explica o Dr. Arthur Jatobá e Sousa, neurologista do Hospital Brasília.

Como esses pacientes são afetados?

Conforme a doença de Alzheimer progride, as dificuldades de lembrar de nomes, eventos ou mesmo conversas recentes vão se tornando mais graves, podendo estar aliadas ainda a outros sintomas, como: confusão mental; desorientação; problemas de fala, linguagem, concentração, dificuldade de locomoção; mudanças de personalidade (agressividade, desconfiança, exigências excessivas); alucinações; delírios; ansiedade.

Em estágios avançados, o paciente pode esquecer como fazer tarefas básicas do dia a dia – se vestir, planejar e preparar uma refeição, tomar banho, entre outros, dependendo cada vez mais de assistência e cuidados de terceiros. No entanto, de acordo com o portal Mayo Clinic, conceituada organização internacional voltada para pesquisas médico-hospitalares, algumas habilidades importantes são preservadas por períodos mais longos, mesmo diante da progressão da doença, uma vez que são controladas por partes do cérebro afetadas posteriormente. São exemplos: ler ou ouvir livros, contar histórias, cantar, ouvir música, dançar, desenhar ou fazer artesanato.

Existe alguma forma de prevenção?

Como a causa exata do Alzheimer ainda não é clara para os pesquisadores, não há maneira específica conhecida para prevenir a doença. Porém, alguns hábitos podem auxiliar indiretamente. Por exemplo, os exercícios podem beneficiar as células cerebrais, aumentando o fluxo sanguíneo e de oxigênio no cérebro, portanto, é altamente recomendado praticar atividades físicas regularmente. Além disso, essa prática também beneficia, e muito, o pleno funcionamento do coração, e é importante destacar que alguns estudos de autópsia já demostraram que até 80% dos pacientes com Alzheimer apresentavam doenças cardiovasculares.

Ainda no âmbito da vida saudável, há evidências que sugerem que uma alimentação saudável para o coração também pode ajudar a proteger o cérebro, isto é, priorizar no dia a dia a ingestão de frutas, vegetais e grãos inteiros, em detrimento de açúcar e gorduras saturadas.

O especialista do Hospital Brasília destaca que, como a doença se inicia no cérebro de 20 a 30 anos antes do início dos sintomas, esses tipos de cuidados têm um papel essencial. “Alguns fatores de risco modificáveis incluem hipertensão arterial, diabetes, obesidade, tabagismo, etilismo, isolamento social, depressão, baixa escolaridade, sedentarismo”, pontua.

Alguns pesquisadores indicam ainda a importância de manter-se socialmente engajado com terceiros, parar de fumar e reduzir o consumo de álcool, ter boas noites de sono, manter um peso corporal adequado e estar mentalmente ativo e bem estimulado. Ressaltamos que nenhum desses fatores foi comprovado até o momento, são apenas sugestões de estudos relacionados ao Alzheimer. Embora não existam ainda comprovações científicas suficientes, sabemos que escolhas saudáveis, como as descritas acima podem prevenir outros inúmeros problemas crônicos.

Quanto ao temor relacionado à hereditariedade do Alzheimer, o médico afirma que, de fato, em uma pequena quantidade de pacientes há uma predisposição com a identificação de mutações genéticas específicas. Esses pacientes geralmente iniciam a doença antes dos 65 anos de idade, situação em que se considera um Alzheimer de início precoce. Porém, na maioria dos pacientes acometidos, a doença se inicia após os 65 anos (Alzheimer de início tardio) e não há ligação com uma mutação genética específica.

Novidades sobre esse assunto

No último congresso da Associação Internacional de Alzheimer foi apresentada uma pesquisa que mostrou que um exame de sangue que dosa a proteína p-tau217 pode ser uma excelente ferramenta no diagnóstico da doença em questão. “Um teste sanguíneo como esse pode revolucionar as pesquisas, o diagnóstico precoce e o tratamento da doença. O método ainda está em fase de pesquisas mas em um futuro próximo poderá estar disponível para uso no dia a dia”, pontua o Dr. Arthur.

O que você pode fazer por uma pessoa que sofre com o Alzheimer

Alguns detalhes básicos podem fazer toda a diferença no ambiente doméstico desses pacientes, visando maior facilidade para se locomover ou lembrar de tarefas diárias. Você mesmo pode realizar essas alterações, como forma de ajuda. Além disso, pode ser importante estimular tratamentos psicológicos, como terapia de estimulação cognitiva, com o objetivo de impulsionar a memória, habilidades de resolução de problemas e habilidade de linguagem. Apenas o suporte e a presença de famílias e amigos pode trazer mais alegria de viver aos doentes de Alzheimer.

“O apoio e suporte familiar são essenciais no cuidado do paciente com a doença de Alzheimer. O paciente que conta com todo esse suporte se sente mais bem acolhido, seguro e consequentemente apresenta menos alterações comportamentais, como por exemplo agitação ou inquietação”, reforça o médico.

Atualmente não há cura para essa condição, mas já existem medicamentos que podem melhorar alguns dos sintomas e a qualidade de vida dos pacientes e familiares. Caso você ou alguém próximo precise de atendimento neurológico, o Hospital Brasília dispõe de equipe e estrutura preparada para consultas, avaliações e procedimentos. Basta clicar aqui e agendar o seu horário.

Escrito por
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Dr. Arthur Jatobá

Neurologia
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